Os filmes de minha vida--LPDMV en portugues
Via Agir, de Rio de Janeiro.. Dicen q la traducción esta muy bien. Me gustó lo que escribió en la contraportada el escritor Joca Reiners. Aquí va una entrevista que di al Folha de Sao Paulo.
Fuguet funde a escrita em filme e livro
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Certo de que "entre o cinema e a literatura não há muita diferença, além das folhas", o cineasta e escritor chileno Alberto Fuguet, 40, se desdobra nos dois papéis.
Para vir ao Rio de Janeiro nesta semana divulgar seu livro "Os Filmes da Minha Vida" (Agir, 270 págs, R$ 44,90) e debater sobre a literatura latino-americana a convite do CCBB, Fuguet fez pausa em maratona de entrevistas à imprensa chilena pela estréia de "Se Arrienda" (aluga-se), seu primeiro longa como diretor e roteirista.
"Os Filmes da Minha Vida" narra terremotos pessoais na história de um sismólogo, entrelaçando-a com seus filmes preferidos.
A seguir, Fuguet fala de filmes, livros e outros abalos.
Folha - Qual foi o ponto de partida para "Os Filmes da Minha Vida"?
Alberto Fuguet - A primeira motivação foi fetichista. Queria escrever dois livros que tivessem títulos relacionados ao cinema, para ir preparando a transição de escritor a diretor. O primeiro foi "Cortos" [curtas], como curtas-metragens.
A outra coisa que me interessou em "Os Filmes da Minha Vida" era a idéia da lista. Creio que a mente das pessoas no fim do século 20 e início do 21 funciona muito com listas. Basicamente tudo é lista, categorização.
Pouco a pouco, eu me dei conta de que, quando você encontra uma pessoa que não conhece, em cinco minutos começa a falar de cultura pop, para ter algum grau de relação. Não posso te falar dos meus amigos de colégio, nem você me contar do último escândalo político de São Paulo, porque não nos pareceria muito atraente.
Mas, quando você começa a falar de filmes, imediatamente surgem laços ou inimizades, do tipo: "se você odiar Woody Allen, nunca poderemos ser amigos". E talvez seja verdade.
Por fim, percebi que, tal como Marcel Proust, ao comer uma madeleine, vê todo o seu mundo em retrospectiva, você pode estar vendo TV a cabo e começar a se lembrar do seu pai com um filme de Steve McQueen [1930-1980].
Folha - Ou seja, os filmes tomariam hoje o lugar das madeleines na reminiscência proustiana?
Fuguet - Absolutamente. Juntando todos esses elementos, vi que, mais do que um livro sobre cinema, era um livro sobre as memórias que o cinema provoca.
Nem é um livro sobre os meus filmes favoritos, mas sobre aqueles filmes que nos escolhem, porque nossos pais nos levaram para ver ou porque estava em cartaz no bairro ou qualquer coisa assim.
Folha - Mas há no livro muitos elementos de sua própria história, como a infância nos EUA, a imigração, as relações familiares. Sua intenção foi "despir-se dos fantasmas", como foi a de Gabriel García Márquez em "Viver para Contar"?
Fuguet - Exato. Agrada-me a referência a García Márquez, que supostamente é meu maior inimigo [leia texto à direita]. Meu problema com García Márquez não é tanto ele mesmo, mas seus imitadores e aficionados.
Encaro "Viver para Contar" como um comentário de "Cem Anos de Solidão", parecido aos "comentários do diretor" nos extras de DVD. Ele conta mais ou menos a mesma história, mas como ela realmente ocorreu, sem ter de recorrer ao realismo mágico, às coisas estranhas.
O que me desagrada no realismo mágico é que te contam a loucura, mas não a explicam. Não tenho dúvidas de que a América Latina, como qualquer continente do mundo, está cheia de coisas estranhas, curiosas, idiossincráticas, inexplicáveis.
Mas não temos que ser transformados num estereótipo por isso. Acho que escrever só sobre essas pequenas estranhezas é transformar uma realidade complexa num estereótipo. É um equívoco estético e ético. Boa parte da visão que o primeiro mundo tem de nós é conformada pelos nossos produtos culturais.
Folha - A lista de favoritos de "Os Filmes da Minha Vida" retoma o recurso de Nick Hornby em "Alta Fidelidade". O paralelo com um autor do pop inglês lhe desagrada?
Fuguet - Não acho um insulto ser associado a Nick Hornby. Ser considerado pop hoje em dia, para mim, é o mesmo que antes significava ser ilustrado.
Folha - Hoje, será exibido em São Paulo o filme "A Batalha do Chile" [do documentarista chileno Patricio Guzman]...
Fuguet - [interrompendo] É um grande filme.
Folha - O sr. gosta de Guzman?
Fuguet - Não sei. Provavelmente eu o odeio. Para mim, ele representa um mundo demasiadamente esquerdista e ultrapassado. Mas reconheço que adoro seus filmes. Melhor do que os livros, os documentários captam o momento.
Minha visão da batalha do Chile é diferente da de Guzman. Ele a vê de modo heróico. Eu a vejo como o garoto que fugiu pensando: estão todos loucos. Por mim, o filme poderia se chamar "A Batalha do Chile: O Mundo Está Louco, Louco, Louco". Você vê o filme e fica entre fascinado e aterrado
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